Foto: Redes Sociais
O encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, durante a cúpula do G7 travou na agenda dos dois líderes. A organização da reunião bilateral não foi possível por dificuldade na conciliação das agendas dos dois líderes mundiais. O governo brasileiro sugeriu mais de um horário, mas não houve acerto.
Em entrevista, o presidente ucraniano confirmou a dificuldade. "Encontrei todos os líderes. Quase todos. Todos têm suas agendas próprias. Acho que é por isso que não pudemos encontrar o presidente do Brasil". Questionado se ficou decepcionado por não ter conseguido realizar essa reunião, Zelensky respondeu: "Acho que ele que ficou decepcionado".
O G7 reúne lideranças da União Europeia e dos sete países mais industrializados do mundo: Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido. Até 2014, a Rússia integrava o grupo, que era conhecido como G8. Ela, no entanto, foi expulsa devido à anexação da Crimeia, até então vinculada à Ucrânia.
As cúpulas do G7 costumam contar com a presença de países convidados. Nesta edição, o Brasil é o único representante sul-americano. Também foram convidados Austrália, Coreia do Sul, Vietnã, Índia, Indonésia, Comoros e Ilhas Cook. O governo brasileiro chegou a ser informado pelos japoneses há algumas semanas que a ida de Zelensky a Hiroshima era uma possibilidade.
O presidente ucraniano aproveitou a oportunidade para buscar mais apoio na guerra contra a Rússia. A organização de uma reunião bilateral entre Brasil e Ucrânia foi inicialmente um pedido do país europeu.
O Brasil é um dos países, como a Índia e a China, que vem proclamando publicamente uma postura de neutralidade na guerra entre a Ucrânia e a Rússia. Por isso, países europeus e os Estados Unidos, que apoiam os ucranianos no conflito, faziam pressão para que Lula e Zelensky se reunissem. Embora não tenha conversado pessoalmente com o presidente brasileiro, Zelensky chegou a ter um encontro com o premiê da Índia, Narendra Modi.
A guerra que desencadeou uma invasão da Ucrânia por forças militares russas em fevereiro do ano passado tem raízes profundas. O presidente russo, Vladmir Putin, sustenta agir em defesa da população russa de Lugansk e Donetsk, no Leste ucraniano. Também já justificou movimentações militares como uma reação à aproximação entre a Ucrânia e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aliança militar articulada pelos Estados Unidos e outros países ocidentais em meio à Guerra Fria. Já o governo ucraniano afirma que houve violação de sua soberania e acusa a Rússia de ter projetos imperialistas na região, desde a anexação da Crimeia em 2014.
Durante o painel do G7, que contou com a presença de Zelensky, Lula lembrou que a Organização das Nações Unidas (ONU) foi fundada em 1945 para para evitar nova guerra mundial. "Em linha com a Carta das Nações Unidas, repudiamos veementemente o uso da força como meio de resolver disputas. Condenamos a violação da integridade territorial da Ucrânia. Ao mesmo tempo, a cada dia em que os combates prosseguem, aumentam o sofrimento humano, a perda de vidas e a destruição de lares. Tenho repetido quase à exaustão que é preciso falar da paz", disse Lula.
Ele também defendeu a reforma do Conselho de Segurança da ONU e disse que membros permanentes continuam a longa tradição de travar guerras não autorizadas pelo órgão, o que indica que os mecanismos multilaterais de prevenção e resolução de conflitos não funcionam no formato atual. Lula citou outros povos no mundo que sofrem com conflitos armados, como palestinos e sírios. Os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU são China, Estados Unidos, Reino Unido, França e Rússia.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br/
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