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Dra Eliane Mota fala sobre as principais deficiências de micronutrientes em idosos.


A população mais velha é o grupo etário que mais cresce ao redor do globo. Portanto, é crucial que os profissionais de saúde estejam atentos às necessidades nutricionais desse grupo, incluindo as deficiências de micronutrientes em idosos.

Ao contrário da desnutrição energético proteica que se manifesta através da perda de peso, as deficiências de micronutrientes são mais difíceis de detectar. Sendo assim, compreender quais são as mais relevantes é um ótimo ponto de partida para guiar o cuidado nutricional desses pacientes. 

As deficiências de micronutrientes em idosos estão relacionadas a diversos motivos, envolvendo diferentes áreas da vida do indivíduo. Por exemplo, estima-se que 20 a 30% da população idosa sofra de uma redução fisiológica não intencional na ingestão alimentar.

De modo geral, as principais causas de deficiências de micronutrientes em idosos incluem:

* Falta de apetite: pode ser causada por doenças ou alterações fisiológicos comuns da idade.

* Declínio do olfato e paladar: alterações nas células epiteliais olfativas e papilas gustativas reduzem a vontade de comer.

* Saúde bucal prejudicada: xerostomia (boca seca), hipossalivação, próteses mal ajustadas e problemas de mastigação diminuem o consumo alimentar.

* Inflamação: gera retardo do esvaziamento gástrico e aumento da leptina , que reduz a ingestão alimentar, além de afetar as reservas dos micronutrientes.

*      Alterações no trato gastrointestinal: gastrite crônica, motilidade intestinal lenta, diminuição das secreções gástricas, entre outros, geram problemas na digestão.

* Medicamentos: a interação de múltiplos fármacos com vitaminas e minerais pode prejudicar a absorção desses micronutrientes.

* Fatores psicossociais: depressão, mau humor, isolamento, pobreza, viuvez, dentre outros, aumentam a má nutrição.

s deficiências de micronutrientes que mais acontecem em idosos são: vitamina D, cálcio, vitamina B6, vitamina B12, ácido fólico, ferro e zinco. Confira mais detalhes abaixo.

Vitamina D

A deficiência de vitamina D é uma das mais comuns em idosos, especialmente por conta da baixa exposição solar e falhas na síntese cutânea. Na população sênior, níveis séricos abaixo de 50 nmol/l estão associados ao aumento da fraqueza muscular e diminuição da função física, enquanto níveis abaixo de 25 a 30 nmol/l aumentam as quedas e fraturas.

Em idosos, a ingestão recomendada de vitamina D é de 600 a 800 UI. Entretanto, para prevenir a deficiência, especialistas recomendam o valor de 800 a 2.000 UI/dia, usualmente obtido através da suplementação.

Cálcio

O cálcio é um mineral de extrema importância para o envelhecimento, exercendo um papel crucial na saúde óssea. Entretanto, sua falta é comum em idosos, especialmente em mulheres após a menopausa. Assim como a deficiência vitamina D, a deficiência de cálcio pode causar mobilidade reduzida e aumento do risco de quedas, além da osteoporose. Por isso, orienta-se uma ingestão de 1200 mg/dia, que pode ser proveniente de alimentos (laticínios, vegetais de folhas verdes, etc) ou suplementação.

Vitaminas do complexo B

Com frequência, as vitaminas do complexo B se encontram deficientes em idosos, particularmente B6, B12 e ácido fólico (B9). Infelizmente, essa condição está associada ao declínio do funcionamento cognitivo, sintomas depressivos, Alzheimer, demência e doenças cardiovasculares.

Ferro

A deficiência de ferro é muito comum na população idosa, e está relacionada à depressão, fadiga, comprometimento do funcionamento cognitivo, perda de força muscular e anemia.

Nos mais velhos, recomenda-se uma ingestão diária de 8 mg/dia, a partir de alimentos como carnes, feijões, vegetais verdes escuros, entre outros.

Zinco

É comum que baixas concentrações de zinco sejam encontradas em idosos, o que contribui para um sistema imunológico enfraquecido e os torna suscetíveis a infecções. Além disso, a deficiência de zinco afeta o transporte e a absorção de outros nutrientes, como a vitamina A, vitamina E e folato. Em idosos, a recomendação do consumo de zinco é de 11 mg/dia para homens e 8 mg/dia para mulheres. Assim, nessa faixa etária, é importante incentivar o consumo de carnes, frutos do mar, feijões, legumes e outros alimentos ricos em zinco.

Alimentação saudável e suplementação são a chave

Em consequência de fatores comuns da terceira idade, como polifarmácia e alterações gastrointestinais, a deficiência de micronutrientes em idosos é uma realidade.

Portanto, principalmente após os 60, é necessário atentar-se para uma dieta equilibrada e a suplementação, quando necessário. Essa combinação é a chave para o envelhecimento saudável, diminuindo o risco da morbimortalidade em decorrência das deficiências nutricionais.

Dra. Eliane Mota – Nutricionista 

CRN3: 44044

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